quinta-feira, 3 de novembro de 2011
Poças de lama
Quando olho dentes-de-leão,
eu vejo ervas daninhas invadindo meu quintal.
Meus filhos vêem flores pra a mãe e
sopram a penugem branca
pensando em um desejo.
Quando olho um velho mendigo que me sorri,
eu vejo uma pessoa suja que
provavelmente quer dinheiro e eu me afasto.
Meus filhos vêem alguém
sorrir para eles e sorriem de volta.
Quando ouço uma música, eu gosto.
Mas não sei cantar, nem tenho ritmo;
então me sento e escuto.
Meus filhos sentem a batida e dançam.
Cantam e, se não sabem a letra,
criam a sua própria.
Quando sinto um forte vento em meu rosto,
me esforço contra ele.
Sinto-o atrapalhando meu cabelo e
empurrando-me para trás enquanto ando.
Meus filhos fecham seus olhos,
abrem os braços e voam com ele,
até que caiam a rir pela terra.
Quando rezo, eu digo tu e vós e
conceda-me isto, dê-me aquilo.
Meus filhos dizem: “Olá, Deus!
Agradeço por meus brinquedos e meus amigos.
Por favor, mantenha longe os maus sonhos hoje à noite.
Eu ainda não quero ir para o céu.
Eu sentiria falta de minha mãe e de meu pai”.
Quando olho uma poça de lama eu dou a volta.
Eu vejo sapatos enlameados e tapetes sujos.
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