quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O Poder da Validação



O mundo é inseguro, sem exceção. Os super confiantes simplesmente
disfarçam melhor. Não escapam pais, professores, chefes, nem colegas
de trabalho. Afinal, ninguém é de ferro. Paulo Autran treme nas bases
nos primeiros minutos de cada apresentação, mesmo que a peça já tenha
sido encenada 500 vezes. Só depois da primeira risada, da primeira
reação do público, é que o ator relaxa e parte tranqüilo para o resto
do espetáculo.

Eu, para ser absolutamente sincero, fico inseguro a cada artigo que
escrevo e corro desesperado para ver os primeiros e-mails que chegam.

Insegurança é o problema humano número 1. O mundo seria muito menos
neurótico, louco e agitado se fôssemos todos um pouco menos inseguros.

Segurança não depende da gente, depende dos outros.

Está totalmente fora do nosso controle. Por isso segurança nunca é
conquistada definitivamente, ela é sempre temporária, efêmera.
Segurança depende de um processo que chamo de “validação”, embora para
os estatísticos o significado seja outro.

Validação estatística significa certificar-se de que um dado ou
informação é verdadeiro, mas eu uso esse termo para seres humanos.
Validar alguém seria confirmar que essa pessoa existe, que ela é real,
verdadeira, que ela tem valor. Todos nós precisamos ser validados
pelos outros, constantemente.

Alguém tem de dizer que você é bonito ou bonita, por mais bonito ou
bonita que você seja. O autoconhecimento, tão decantado por filósofos,
não resolve o problema. Ninguém pode autovalidar-se, por definição.
Validar o outro significa confirmá-lo, como dizer: “Você tem
significado para mim”. Validar é o que um namorado ou namorada faz
quando lhe diz: “Amo você!”.

Quem cunhou a frase “Por trás de um grande homem existe uma grande
mulher” (e vice-versa) provavelmente estava pensando nesse poder de
validação que só uma companheira amorosa e presente no dia-a-dia
poderá dar.

Um simples olhar, um sorriso, um singelo elogio são suficientes para
você validar todo mundo. Estamos tão preocupados com a própria
insegurança que não temos tempo para sair validando os outros.

ESTAMOS TÃO PREOCUPADOS EM MOSTRAR QUE SOMOS O “MÁXIMO” que esquecemos
de dizer aos nossos amigos, filhos e cônjuges que o “MÁXIMO” são ELES.

Por falta de validação, criamos um mundo consumista, onde se valoriza
o “ter” e não o “ser”.

Por falta de validação, criamos um mundo onde todos querem mostrar-se
ou dominar os outros em busca de poder. Validação permite que pessoas
sejam aceitas pelo que realmente são e não pelo que gostaríamos que
fossem.

Mas, justamente graças à validação, elas começarão a acreditar em si
mesmas e crescerão para ser o que queremos.

Se quisermos tornar o mundo menos inseguro e melhor, precisaremos
treinar e exercitar uma nova competência: validar alguém todo dia. Um
elogio certo, um sorriso, os parabéns na hora certa, uma salva de
palmas, um beijo, um dedão polegar para cima, um “valeu cara, valeu”.

Nenhum comentário: