terça-feira, 14 de agosto de 2012

Vida Ponto Com




Estava toda feliz, acessando a internet, quando meu computador
trancou.
Comecei a bater em diversas teclas, liguei e desliguei, disse um nome
horrível que eu sei… e nada.
Sentada em frente ao pc, era mesmo uma burra olhando para um palácio.
Foi quando me ocorreu a idéia de pedir uma ajuda a um colega que
entende a fundo de eletrônica.
Não o encontrei. Fiquei ali, perdendo tempo e paciência, até que me
lembrei de discar para o serviço de suporte do meu provedor.
E tudo foi resolvido.
Pois tirei uma lição desse problema: a vida da gente é nada mais nada
menos do que uma internet, interligados todos numa rede onde se cruzam
bons contatos, conhecimento, futilidade, violência, pornografia,
inutilidade.
E, vez em quando, nos sentimos travados.
Por que há dias em que você se sente off-line.
Sua vida, como um pc, parece haver se trancado, fugindo a seu comando,
provocando-lhe a estranha sensação de uma queda de voltagem, de força,
de resistência – você ali, impotente, sem entender em que teclas
erradas bateu para que acontecesse essa parada súbita.
A primeira e compreensível atitude é interrogar por que não lhe
deram um pentium cheio de recursos, evitando que você tivesse que
passar uma existência inteira catando milho nas teclas de um micro
assim tão sem potência.
Mas, você sabe, é quase impossível trocar o programa que lhe é imposto
pelo destino.
À noite, em sua cama, você faz um download nos seus sentimentos.
Nota que há dezenas de tarefas, ainda no rascunho, que você jamais se
importou em terminar; centenas de itens que já deveriam ter sido
excluídos de sua memória, sua lixeira está repleta de sentimentos
negativos ainda não deletados; há mensagens na caixa de entrada que
você se recusa a receber e itens enviados que você poderia ter evitado
encaminhar.
Perderam-se, para sempre, as linhas de um ideal que você havia
traçado,ao programar seu futuro.

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